quarta-feira, 30 de novembro de 2011

1 Dezembro: Dia Mundial de Luta contra AIDS















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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ativismo da Comunhão Anglicana contra violência de gênero e cuidar dos sobreviventes










O arcebispo e os bispos da África Austral assinaram publicamente o compromisso * White Ribbon como uma forma de articular o seu empenho e trabalho levantando suas igrejas” de gênero. A diocese da Igreja do Norte da Índia tem executado workshops para alunas para dar-lhes uma compreensão básica das leis relativas à protecção de mulheres e de uma compreensão do processo de lei. As meninas perguntaram se as oficinas podem ser executados para os meninos também. Em muitas partes da Comunhão, e entre os organismos ecumênicos, orientações pastorais tem sido produzidas para que sacerdotes e leigos possam responder melhor a aqueles que são afetados pela violência doméstica. Textos bíblicos estão sendo produzidos e novamente desafiam esta geração a rever o status quo e levantar a verdade sobre mulheres e os homens serem criados iguais. ”Estas são apenas algumas das maneiras em que as igrejas estão se engajando com as diferentes questões em torno da violência de gênero. Ainda há muito a fazer, ainda muito inexplorado potencial, mas pelo menos estamos no caminho e agora é a hora de acelerar o ritmo. 


















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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Carta Pastoral dos Bispos da IEAB - Advento 2011




Queridos irmãos e irmãs, nós bispos e pastores da Igreja, queremos trazer à Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, uma mensagem de esperança neste novo tempo que se avizinha no Calendário Cristão. O Advento tem um caráter preparatório, apontando e nos preparando para  celebrar o mistério da encarnação, em Cristo Jesus. Os eventos resgatados neste período nos falam de um Deus que acompanha bem de perto a jornada da humanidade, “Deus conosco” (Mateus 1:23).
Apresentando essa mesma perspectiva, uma narrativa do Êxodo nos conta que Deus disse: “Eu tenho visto como o meu povo está sendo maltratado no Egito; tenho ouvido o seu pedido de socorro por causa de seu feitores. Sei que estão sofrendo. Por isso desci para libertá-los do poder dos egípcios e para levá-los do Egito para uma terra grande e boa” (Êxodo 3:7-8). Esse trecho das Escrituras nos mostra um Deus sensível, comovido com o sofrimento humano, que está disposto a descer das alturas das montanhas para cuidar da sua criação.
Essa imagem deveria guiar sempre a atuação daqueles e daquelas que se dedicam ao pastoreio do povo de Deus. Olhos atentos ao contexto no qual estamos inseridos, ouvidos sensíveis para escuta do clamor das pessoas que sofrem, dispostas a experimentar o desafio da alteridade, se colocando no lugar do outro, movidas pela compaixão, reviradas nas entranhas. Nesse diálogo com o outro a pastoral vai adquirindo sentido. Apesar dos limites humanos, como bispos da Igreja temos procurado refletir essa prática em nossas vidas, por isso tantas vezes temos nos lançado na defesa de grupos e pessoas injustiçadas e marginalizadas pela sociedade, os “pequeninos” mencionados por Jesus de Nazaré (Mateus 10:42; 25:40; Lucas 10:21). Por causa dos desafios assumidos, acolhendo demandas que nenhuma outra ousou encampar, por causa da mudança de alguns paradigmas éticos, sabemos que a nossa Igreja tem pago um alto preço.
Na condição de pastores precisamos estar atentos ao consenso de fé dos fiéis, sensus fidelium, pois a Igreja não é apenas uma instituição social, mas uma comunhão de discípulos e discípulas de Jesus Cristo. Dentro dessa comunhão existe uma pluralidade de opiniões, valores, comportamentos, que precisam ser considerados e respeitados com o propósito de “que todos sejam um” (João 17:21). Temos consciência de que existe uma série de assuntos em debate na comunhão anglicana que precisam ser considerados com muita seriedade, todavia precisamos evitar o voluntarismo dos vanguardismos e procurar caminhar juntos, a narrativa dos discípulos na estrada de Emaús é a certeza do Cristo que “segue ao lado” (Lucas 24:13-31). Precisamos seguir em frente na nossa jornada com paciência e suportando-nos uns ao outros em amor, como ensina o apóstolo Paulo (Efésios 4:2).
Quando discípulos de João Batista procuraram Jesus para saber se ele era realmente o Messias, o prometido de Deus, não teve como resposta outra coisa senão os elementos reveladores da vida: Ide, e contai a João o que tendes visto e ouvido: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho”(Lucas 7:22). Da mesma forma, ficamos felizes ao constatar que muitas das nossas comunidades enfrentam sem alarde a prática de acolhimento das diferenças, transformando-se assim em novos espaços de relações onde se realizam as propostas do reino de Deus.
Que o Espírito Santo continue a produzir no nosso meio “o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade” (Gálatas 5:22-23), nos conduzindo a toda verdade, nos levando a práticas concretas que manifestem o reino divino e nos preparando adequadamente para receber em nossos corações o menino Deus que não se prendeu a sua divindade, mas esvaziou a si mesmo, assumindo a condição humana (Filipenses 2:7).
São Paulo, 24 de novembro de 2011
Dia Nacional de Ação de Graças

Dom Mauricio Andrade, Primaz, Brasília
Dom Orlando Santos de Oliveira, Porto Alegre
Dom Naudal Alves Gomes, Curitiba
Dom Sebastião Armando, Recife
Dom Filadelfo Oliveira, Rio de Janeiro
Dom Saulo de Barros, Belém
Dom Renato Raatz, Pelotas
Dom Roger Bird, São Paulo
Dom Francisco de Assis da Silva, Santa Maria
Dom Clóvis Erly Rodrigues, Emérito
Dom Glauco Soares de Lima, Emérito
Dom Celso Franco, Emérito
Dom Almir dos Santos, Emérito
Dom Jubal Pereira Neves, Emérito

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Resposta ao Abaixo-Assinado pedindo a autorização da Benção de Casais Homoafetivos


Há algumas semanas atrás postamos aqui o pedido para que pessoas LGBT's e simpatizantes de outras comunidades episcopais anglicana do Brasil fizessem um abaixo-assinado, o qual enviaríamos junto a uma carta solicitando aos Reverendíssimos Bispos da IEAB que autorizem, pelo menos em caráter experimental e somente às comunidades honde houvessem demanda, a realização de Benção de Casais Homoafetivos pelos Presbíteros (ministros encarregados) locais.
Por ser a Benção um ato litúrgico, faz parte do Jus Litúrgico dos Bispos a autorização para qualquer tipo de ofício e benção.

Somente uma comunidade, além da nossa de Goiânia, a de Campo Grande-MS (Capela da Inclusividade), nos enviou o abaixo-assinado. Claro que provavelmente muitas pessoas da IEAB não tomaram o conhecimento do abaixo-assinado. Não conseguimos fazer a divulgação do mesmo em todas as comunidades da IEAB. Existem pessoas LGBT's em inúmeras comunidades pelo Brasil afora, especialmente existe um número muito representativo de Diáconos e Presbíteros gays, lésbicas e bissexuais na IEAB, alguns abertamente assumidos, outros não.

Enviamos a Carta de nossa Paróquia de São Felipe, junto com os abaixo-assinados aos bispos, que nos responderam aos mesmos, nem negando ou permitindo a Benção de Casais Homoafetivos. Os bispos acreditam que a questão deve ser discutida a nível de toda a província, visto que a Benção não envolve apenas uma Benção, mas sim todo o conceito teológico do que seja o Matrimônio.

Assim, nós devemos esperar até 2013 que a questão seja levada ao Sínodo, a não ser que seja feita uma 3ª Consulta Nacional sobre Sexualidade em 2012.

Segue abaixo os textos da Carta por nós enviada, e a Carta-Resposta dos Bispos.

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CARTA DA PARÓQUIA DE SÃO FELIPE AOS BISPOS DA IEAB:



Queridos Bispos,
A sexo-afetividade é um dom de Deus! Por isto mesmo é diversa, se apresentando entre seres humanos e animais de várias maneiras: heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade, transexualidade, trans-homossexualidade (travestismo), intersexualidade (hermafroditismo), assexualidade (castidade), monogamia, poligamia, poliamor, relações abertas (sexo livre) etc. É uma questão complexa que somente nos últimos 150 anos está sendo melhor compreendida, com a ajuda da Ciência.
A religião cristã, devido à sua herança judaica, machista e heterossexista, sempre tratou da sexualidade e afetividade de maneira bastante preconceituosa e superficial, considerando o sexo como um tabu e pecado, algo carnal e sujo. Assim o sexo só poderia ser santo e abençoado por Deus no contexto do casamento heterossexual e somente para procriação de filhos, sem fins prazerosos.
Esta concepção medieval da sexo-afetividade vem sendo desconstruída na teologia contemporânea. A própria Comunhão Anglicana, conforme recomendação da Conferencia de Lamberth (CL), vem discutindo a sexo-afetividade humana nos últimos 30 anos, o que culminou numa mudança do ponto de vista oficial da IEAB sobre a homossexualidade, conforme já explicitado em cartas pastorais dos Bispos desta Igreja e nas duas Consultas Nacionais sobre Sexualidade Humana.
Recentemente, no mês de maio de 2011, o STF (Supremo Tribunal Federal), em um julgamento, com um novo entendimento da Constituição brasileira, numa chamada “interpretação extensiva”, emitiu uma súmula vinculante onde reconhece os direitos legais, igualando a união homo-afetiva à união estável entre homem e mulher. Isto equivale a reconhecer que pessoas homossexuais também constituem família quando se unem amorosamente. Logo depois, no dia 28/06/2011, em Jacareí-SP, foi convertida a união estável de Sérgio K. Sousa e Luiz André Moresi em casamento, com emissão da primeira certidão de casamento civil homossexual do Brasil. Nosso Primaz, de forma inédita, emitiu uma nota em apoio a esta histórica decisão Jurídica da Suprema Corte Brasileira, abrindo no campo religioso a discussão sobre essa questão.
Diante disto, vários membros plenos e membros comungantes da IEAB, de algumas comunidades anglicanas em Goiânia e outras regiões brasileiras, vem solicitando que a Igreja realize a Benção de suas Uniões Homoafetivas. Entretanto os Presbíteros, desejosos de realizar essa cerimônia, não tem uma autorização explícita da IEAB para a mesma.
Aqui, em nossa Paróquia de São Felipe, em Goiânia-Go, seguindo a recomendação da Conferencia de Lamberth supracitada, iniciamos um trabalho de pastoral, inicialmente denominado “Pastoral Homossexual”, com o intuito de, entre nós, membros da comunidade, dialogarmos com as pessoas lésbicas e gays e conhecermos melhor sobre a sua sexo-afetividade.
O trabalho foi maravilhoso, pois várias pessoas da comunidade, inclusive homens e mulheres idosos heterossexuais, puderam quebrar vários paradigmas e preconceitos, e reconhecer que os indivíduos homossexuais e bissexuais são seres humanos e filhos de Deus, tanto quanto heterossexuais.
Diante disto, expandimos a abrangência dessa Pastoral, inclusive mudando o título para “Pastoral da Diversidade Sexual” (PDS), e deixamos de oferecer o trabalho em nosso templo, na periferia de Goiânia, e passamos a oferecer num espaço cultural ecumênico localizado na região central da metrópole goianiense, denominado Centro Cultural Cara Vídeo.
A PDS, dentro de uma nova perspectiva, mais ampla, passou a oferecer atividades mensais: “Café com Cinema” e “Ágape – a festa do amor”. O trabalho da PDS foi além da comunidade anglicana, englobando as pessoas LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros) e heterossexuais que não são membros de nossa IEAB. A PDS passou a focar em dois objetivos: cuidar das pessoas LGBTT, e quebrar preconceitos e tabus no campo da sexualidade humana, libertando as pessoas de suas fobias sociais, preconceitos e equívocos. A meta principal da PDS é eliminar de vez a discriminação de origem sexual que existe em nossa sociedade, que cerceia os direitos humanos e promove a morte e exclusão de milhares de vidas.
Os homens homossexuais são os que mais sofrem de discriminação, devido ao machismo histórico de nossa sociedade. Hoje no mínimo um gay e uma travesti morrem, por dia, assassinados em grandes metrópoles brasileiras, como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Lésbicas e transexuais também sofrem agressões verbais e físicas.
Um dos grandes fatores que fortalecem o machismo e a discriminação é a religião cristã, seja católica ou evangélica, que estimula o ódio contra as pessoas LGBTT em função de uma leitura fundamentalista da Bíblia, hermeneuticamente descontextualizada, levando os cristãos a terem atitudes de agressão verbal, física, discriminatória, culminando inclusive em assassinatos e suicídios. Obviamente nada disto foi ensinado por Jesus Cristo, mas os cristãos acham que perseguindo as pessoas LGBTT estão cumprindo uma ordem bíblica divina, quando na realidade estão movidos pelos seus preconceitos diabólicos.
As denominações cristãs expulsam as pessoas com sexualidade diferente, não só as LGBTT, e ainda as perseguem em seus discursos fundamentalistas e hipócritas, tão semelhantes ao fariseu citado em Lucas 18:9-14: “Jesus também contou esta parábola para os que achavam que eram muito bons e desprezavam os outros: Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro, cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho’. Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: ‘Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador’! E Jesus terminou, dizendo: Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido”. O radicalismo dos cristãos, quando falam sobre a sexualidade humana, tem promovido por séculos o ódio, a perseguição, a destruição, a agressão e a morte. Isto é profundamente Anti-Cristão e Anti-Evangélico.
As pessoas LGBTT, como qualquer outro ser humano, têm necessidades religiosas e geralmente nascem em “lares cristãos”. Todavia são excluídas dessa religião. Assim se tornam indivíduos sem religião, passando a ter “cristianofobia”: medo e aversão dos cristãos e de sua mensagem evangélica.
Sabemos que a IEAB deu grandes passos históricos positivos neste sentido, discutindo nas últimas décadas sobre a sexualidade humana, passando a vencer o machismo, com a ordenação feminina, e a homofobia, com a aceitação das pessoas LGBTT como membros batizados, comungantes ou plenos da comunhão da Igreja, inclusive ordenando pessoas assumidamente homoafetivas.
Percebemos que, teoricamente, a IEAB tem seguido os princípios anglicanos do Comprehensiveness (abrangência ou inclusividade) e da fé fundamentada nos quatro pilares (bíblia, tradição, razão e experiência) quando iniciou essa imersão na sexualidade humana. A inclusão das mulheres e das pessoas LGBTT é uma atitude de Comprehensiveness, pois promove a convivência de pessoas diferentes cuja fé em Jesus Cristo as une em laços de irmandade. Isto é Unidade na Diversidade.
Entretanto a IEAB, como um todo, precisa dar um novo passo. É necessário acolher integralmente o público LGBTT nos seios de nossas comunidades. Seria interessante que cada comunidade abrisse um diálogo com o mundo das pessoas LGBTT.
Também a IEAB necessita se adequar à legislação brasileira, conforme o Capítulo Um, Artigo Primeiro, da Constituição da IEAB, onde se diz que ela “é parte da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica de Cristo, estabelecida no Brasil por prazo indeterminado, em conformidade com as leis do país”. Se a esfera civil reconheceu o direito das pessoas LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) na questão de formação de novas famílias através da união estável – chamada historicamente de “casamento” – por que a nossa Igreja ainda está se negando ofertar a Benção de Casais Homoafetivos? A IEAB reconhece que pessoas LGBTT também são filhos e filhas de Deus, inclusive tendo direito a (quase) todos os sacramentos da IEAB: batismo, comunhão, penitência, sagrada ordem, benção da saúde e confirmação. A IEAB ordena clérigos e clérigas homossexuais e bissexuais. Então por que ainda não faz a Benção do Amor entre pessoas de mesmo sexo? Alguns reverendos episcopais anglicanos possuem permissão para abençoar seres inanimados e seres animados, como casas, fazendas, terras, animais, carroças, carros, seres humanos, idosos, crianças, jovens, enfermos, etc., e nisto não há nenhuma contradição com a Teologia e a Tradição Anglicana. Porém ainda permanece o estranhamento de que dois seres humanos do mesmo sexo que se amam busquem a benção de Deus para sua união.
Diante desta contradição, não há argumento. A IEAB precisa se adequar à lei brasileira e também à necessidade pastoral e sacramental de seus membros. Imediatamente, antes mesmo de readequação dos cânones da Igreja, que só poderá acontecer no próximo Sínodo, a Câmara dos Bispos pode autorizar que o clero comece a realizar a Benção de Casais Homoafetivos, em rito próprio e construído para esta finalidade.
É isto que nós viemos pedir, em nome do Amor e em nome de Jesus Cristo, a fonte infinita do Amor, inclusive do Amor homoafetivo, que a Câmara dos Bispos autorize que os Reverendos das comunidades onde houver demanda comecem a realizar a Benção de Casais Homoafetivos.
A Paz e o Amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, que a ninguém discriminou, ilumine e inspire as discussões e decisões que esta Câmara venha a realizar.
Subscrevemo-nos.
Junta da Paróquia de São Felipe, DAB, IEAB:
Revdo. Elias Mayer Vergara, 
Primeiro Guardião M.L. Aurelio de Melo Barbosa, 
Secretário Wiley Pereira da Silva, 
Tesoureiro Rafael Carvalho de Souza

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CARTA DOS BISPOS À PARÓQUIA DE SÃO FELIPE

Aos Irmãos da Junta da Paróquia de São Felipe
Diocese Anglicana de Brasília


Faze-me ouvir a tua benignidade pela manhã, pois em ti confio; faze-me saber o caminho que devo seguir, porque a ti levanto a minha alma. (Salmos 143:8)

Amados em Cristo

Recebemos sua carta endereçada a nós, bispos da IEAB, e a ela dedicamos respeitosa atenção pela importância e seriedade do assunto.
A fundamentação teológica da carta e o levantamento da questão pastoral nos pareceram ter sido feitos com muita reflexão e respeito a esta Câmara que tem o papel de liderança pastoral em nossa Província.
A IEAB tem se afirmado pela abertura e transparência no tratamento da questão da homoafetividade, desde que em 1997 se fez um pronunciamento pastoral sobre o amor e em como este deve ser vivido no contexto da Igreja com acolhimento de todas as pessoas, independentemente de sua condição e sexualidade. Em 2007, no mesmo espírito, a Câmara reafirmou a sua visão pastoral e dirigiu à Igreja uma palavra de estímulo a que se vivencie a plenitude do amor e do acolhimento, como marcas do amor incondicional de Deus por nós.
No interregno desses dois documentos, aconteceram duas consultas provinciais sobre sexualidade humana, onde se ouviram vozes a favor de uma radical vivência inclusiva na Igreja como traço inerente a nosso testemunho no meio de uma sociedade que necessita cada vez mais superar todas as formas de preconceito.
Recentemente, por ocasião de decisão do Supremo Tribunal Federal, nosso Primaz emitiu carta posicionando-se a favor da ampliação dos direitos das pessoas homoafetivas e da legitimidade de serem reconhecidas como sujeitos de direitos mediante o reconhecimento de suas uniões legais.
Temos acompanhado o compromisso pastoral de comunidades da IEAB no acolhimento de pessoas homoafetivas, o que tem oportunizado a elas um ambiente onde possam oferecer a riqueza de seus dons com naturalidade e sem receios , inclusive no exercício de funções de liderança. Isso lhes tem trazido inclusive a superação de marcas e estereótipos. Nesta caminhada, a Igreja tem sido instrumento de educação e ampliação de consciências.
No entanto, como foi destacado na carta a nós enviada, persiste o óbice de benção litúrgica para casais homoafetivos. Quanto a isso, na verdade, há fatores que não podem ser desconsiderados por nós como pastores de um rebanho que é composto por pessoas de diversos níveis de compreensão da questão homoafetiva. Há aspectos de compreensão acerca do Santo Matrimônio, bem como aspectos pastorais e também canônicos que precisam merecer toda a atenção de nós bispos, do clero e do laicato da Igreja, e cuja evolução não pode ser conduzida à margem do “sensus fidelium” – consenso dos fiéis – o qual tem de ser o fundamento sobre o qual se constrói o consenso da Igreja como tal.
Como Câmara dos Bispos, não nos podemos considerar pessoas que podem pensar somente por si mesmas e por suas convicções teológicas, como se o que pensássemos fosse a verdade incontestável e que a Igreja toda devesse seguir, sem que ela própria alcance a compreensão de que devemos adotar ou não ritos ou cerimônias públicas destinadas à benção de casais homoafetivos.
Permanece para nós, o desafio de conduzir a Igreja a um processo de reflexão mais aprofundado e mais desafiador a fim de que – conforme os irmãos mesmos levantam em sua carta – cheguemos à superação de qualquer tabu no campo da sexualidade humana. No entanto, no âmbito da dimensão provincial, da qual somos partecom a tarefa pastoral de supervisão, precisamos obedecer a um humilde e paciente processo de escuta, estudo e deliberação nas instâncias às quais cabe definir a resposta da Igreja às necessidades de cada tempo .
São Paulo, 04 de novembro de 2011
Dom Mauricio, Primaz e Brasília.
Dom Orlando, Porto Alegre.
Dom Naudal, Curitiba.
Dom Sebastião Armando, Recife.
Dom Filadelfo, Rio de Janeiro.
Dom Saulo, Belém.
Dom Renato, Pelotas.
Dom Roger, São Paulo.
Dom Francisco, Santa Maria.