sábado, 16 de abril de 2011

Agradecimento, Súmula e Fotos do Ágape 16/abr/2011

Amigos e amigas da Pastoral da Diversidade Sexual.

Queremos agradecer a presença de tod@s as pessoas que vieram participar de mais uma edição do Ágape: a festa do amor. Desta vez celebrando a presença de El-Shaday, a divindade intersexo.

Tivemos a participação de Kelly e de Juliano que nos dirigiram de forma muito especial a "Dança Sagrada" movidos pela temática da noite: a plurisexualidade da divindade !

Em um um texto bastante profundo, Aurélio, coordenador da Pastoral da Diversidade Sexual, nos brindou com uma reflexão onde se evidencia, mesmo na cultura bíblica, que a divindade foi sendo construida históricamente e que o feminino sempre esteve presente nas representações do sagrado, principalmente quando Israel era ainda uma religião politeísta. A concepção de um deus masculino, ou então de um deus assexualdo é muito rescente na história bíblica.

Além de dançar, refletir e dar nossos testemunhos, o âgape nos proporcionou momentos de confraternização com acompanhamento de vinhos, refris, sucos e várias variedades de comidas trazidas em oferta pelos participantes.

Abraços do Rev. Elias Vergara e Min. Leigo Aurélio Barbosa

Fotos do evento:





























Estudo feito no Ágape 16/abr:2011

El Shadai Deidade Intersexo

Fonte da Vida e da Diversidade Sexual



Abraão, Sara, Isaac, Rebeca, Jacob, Raquel e Léia, os Pais e Mães do povo hebreu (ou patriarcas e matriarcas) cultuavam uma divindade cujo nome é diferente daquele refereido como deus dos Judeus. Abraão e Sara eram politeístas, mas deram preferência a essa deidade que os convida a abandonar sua terra e parentela na suméria e ter uma vida de pastores viajantes na palestina. A divindade é El Shadai.

Gen 17:1-2 “apareceu Javé a Abräo, e disse-lhe: Eu sou El Shadai, anda em minha presença e sê perfeito. E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente”

Gn 28:3 “Isaac chamou Jacó... Que El Shadai te abençoe, que ele te faça frutificar e multiplicar”.

Gn 35:11 “A Jacó em Betel ‘Eu sou El Shaddai, sê fecundo e multiplica-te’”

Gn 43:14 “Que El Shaddai nos faça encontrar misericórdia junto a esse homem (José)”.

Ex 6:2-3 “Falou mais Deus a Moisés, e disse: Eu sou o Javé (IHVH). E eu apareci a Abraäo, a Isaque, e a Jacó, como El Shadai”

Os Judeus do período tribal, antes da monarquia, também eram politeístas, mas um deus e sua esposa-deusa se destacavam: Yahvé ou Iaué (Javé ou Jeová) e Anat-Yahu (ou Asherá). Os profetas sempre convidavam o povo hebreu a adorarem um único deus, Javé. Assim os israelitas do tempo da monarquia em Jerusalém eram monólatras, tinham um panteão de deuses cananeus, todavia Javé era a principal deidade, o rei de todos os deuses.



Figura à esquerda: Estatueta de Javé, com grande penis, demonstrando sua pontente capacidade reprodutiva. Figura à direita: A ilustração é reconhecida por muitos estudiosos como Yahweh Alado sobre um Querubim acompanhado de uma deusa, também alada, Asherah, pairando sobre "a árvore sagrada". Note-se o falo, bem definido de Jahveh.


No exílio, o povo judeu reelaborou sua religião e viu no politeísmo a culpa pela escravidão e passaram definitivamente a serem monoteístas, adorando unicamente a Javé. Os sacerdotes da Jerusalém pós-exílica fizeram a edição final dos principais livros do Primeiro Testamento, incluíndo o pentateuco e os escritos. Por isto o nome de Javé é o que mais figura nesses livros, com alguns títulos a ele associados. Entretanto, as estórias sobre os patriarcas e matriarcas já eram escritas, com o nome de sua antiga divindade. Esses sacerdotes, reeditando esse escrito, não eliminaram o nome da deidade, El Shadai, mas identificaram-na com Javé, fazendo-a a mesma divindade.

Várias traduções (ou interpretações) são dadas para El Shadai: Deus Todo-Poderoso (e sua variante Deus Onipotente), Deus o qual é Suficiente, Deus que sustenta, Deus das montanhas, Deus das estepes, Deus das mamas (tetas) ou Deus “empeitado” (o contrário de despeitado).

El era a principal divindade dos povos palestinos (cananeus). El era o pai de todos os deuses, criador do universo, juntamente com sua esposa, Astarte, era a deusa-mãe. Ambos reinavam no panteão. El, em hebraico, também é um substantivo para divindade masculina, e Elohim é o plural de El. Veja na no primeiro capítulo de Genesis fala que Elohim criou o céu e a terra, ou seja, os hebreus antigos acreditavam em vários deuses, El e Astarte, que criaram o cosmos. El para os sumérios era Shamash e Astarte era Ishtar. Os patriarcas, sumérios pastores do tipo ciganos, nômades, que moravam em tendas e levavam seus pequenos rebanhos pelas estepes, cultuavam um El diferente, ele era El Shadai. Os cananeus cultuavam especialmente o casal Baal e Anat, filhos de El e Astarte. Todo ano Baal se unia sexualmente a Anat, céu fecundando a terra, e assim as plantações eram férteis.

Shadai, para os tradutores da septuaginta (versão grega do AT), vinha de shadad “sobrepujar” ou “destruir”. Assim El Shadai seria Deus todo poderoso (como na tradução de Almeida).

Shadai também pode vir do acádico shadu “montanha” ou do hebraico sadeh “estepe”. Enquanto os deuses dos cananeus eram deuses urbanos, de gente da cidade, deus da planície, da cidade (Baal), onde há água, comércio, rei. O deus dos hebreus, escravos fugidos da cidade e morando nas montanhas, onde há estepes, era El Shadai, Deus da Montanha, Deus da Estepe.

Shadai pode ser Sha “quem” e Daí “suficiente”, tendo aí relação com Shadaim “mamas, tetas”. El Shadai é o Deus suficiente, nutridor, que dá a fertilidade ao solo, aos animais e seres humanos, é o Deus com peito, que sustenta a vida. El, divindade masculina, mas Shadai, feminina, com tetas e poder feminino de gerar e alimentar a vida, com poder de abrir os úteros.

Gen 49:25-26 “Pelo Deus (El) de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso (Shadai), o qual te abençoará com bênçãos dos altos céus, com bênçãos do abismo que está embaixo, com bênçãos dos seios e do útero. As bênçãos de teu pai excederão as bênçãos de meus pais, até à extremidade dos outeiros eternos; elas estarão sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça do que foi separado de seus irmãos” (Almeida) ou “O Deus do seu pai ajudará José, o Todo-Poderoso lhe dará bênçãos— bênçãos do alto céu, bênçãos de águas que ficam debaixo da terra, bênçãos de muitos animais e muitos filhos, bênçãos de cereais e de flores, bênçãos de montanhas antigas, coisas deliciosas dos montes eternos. Que todas essas bênçãos estejam sobre a cabeça de José, sobre a testa daquele que foi escolhido entre os seus irmãos”.

Percebe-se claramente, nesse trecho bíblico da benção que Jacó dá ao seu filho José que El Shadai está relacionado com Shadaim, tetas, e Raham, útero, figurando uma divindade que é como uma mãe, que dá sustento farto aos seus filhos, que daria muitas bênçãos de fecundidade, tanto para animais, plantas e esposas ou descendentes de José. A divindade nunca é só feminina ou só masculina. Ela é intersexo.

Madame Blavatsky, da Antroposofia, afirma que Javé ou Jeová era, originalmente, uma divindade hermafrodita. Ya ou Yo, com a letra Yod do alfabeto hebraico, designaria o Falo ou Pênis, ou o primeiro homem (Adão) e HeVaH ou HaVaH, vida, Eva, mulher, vaso, cavidade, arca, concha, fêmea, vagina, cavidade sexual feminina. Assim, YoHeVaH seria Penis-Vagina. Os dois querubins colocados frente a frente sobre o cofre [a Arca da Aliança], têm as asas abertas de tal maneira que foram um perfeito Yoni [genitália feminina]". Sabe-se, pelos anais judeus, que a Arca continha uma tábua de pedra e que se pode demonstrar que esta pedra era fálica.

Muitas são as interpretações dadas pelos exegetas modernos à divindade El-Shaday, baseados em alguns achados arqueológicos ou em origem etimológica das palavras. Entretanto, com certeza podemos crer que El-Shaday era Deus-com-Tetas, deidade intersexo, com pênis, vagina, útero e seios, masculina e feminina, fonte da diversidade sexual, fonte da fertilidade, fonte da vida.

Uma pessoa intersexo é macho e fêmea ao mesmo tempo. Se faz sexo com uma mulher, seu lado masculino é heterossexual e seu lado feminino é homossexual. Se faz sexo com um homem, seu lado masculino é homo e seu aspecto feminino é hétero. Uma pessoa intersexo também é trangender, porque ora exerce sua feminilidade, ora sua masculinidade. No hermafrodita há todos os aspectos da diversidade sexual.

A Divindade tem muitas caras, ela pode ser macho, fêmea, hétero, homo, bi, travesti, trans. El Shadai é Pansexual, contém plenamente a sexualidade em si mesm@.

Min. Leigo Aurélio de Melo Barbosa, OST*


*Ordem de São Tiago de Jerusalém

domingo, 10 de abril de 2011

Celebrando El-Shaday, a Deidade Intersexo, Fonte da Vida!


A Pastoral da Diversidade Sexual da Igreja Anglicana (IEAB) em Goiânia convida você para participar do próximo Ágape, que será realizado no dia 16/abr/2011, sábado, 19 horas.

Ágape é uma celebração antiga, que surgiu entre os primeiros cristãos, nos tempos em que alguns apóstolos ainda eram vivos. Era uma grande festa, um banquete, onde aqueles que muito tinham compartilhavam com aqueles que nada tinham, era assim uma verdadeira celebração do amor e da amizade, da irmandade de tod@s nós nessa grande família que tem a Deidade por Pai e Mãe.

É nesse espírito que, no Ágape, celebramos a Diversidade na Divindade, através do canto, dança sagrada em roda, abraço, partilha de refeição e comunhão de experiências e testemunhos.

Não perca! Participe conosco!

Local: Centro Cultural CARAVÍDEO

Rua 83, n. 361, Setor Sul.

Contato: 9299-9216/ 8129-4513

Não se esqueça de trazer alimento e bebida para compartilhar!